Juliana Licio
tem pau, tem pedra
tem tijolo, tem cimento
aqui é tudo estranho
tem papelão, duro chão
a criança chora, bala rola
enchente, gente
triste aos olhos
gente que finge, insiste
mas existe, sim, o outro lado
de cá a escola, de lá a miséria
no meio um valão
esgoto parado, carcaça de carro
e se tá quente cheira mal
é lugar de vida, é um meio pra morte
é dura a paisagem, desconhecida realidade
longe do mar persiste este lugar
um outro lado do rio que tem gente boa
coisas maravilhosas também tem
tem trabalho, tem esperança
tem amizade e visto
bem no fundo o cristo