Juliana Licio



Um dia quente, chuva pela tarde, cheiro de terra. De repente me veio a lembrança e resolvo que hoje será uma dia de remexer nas gavetas. Mato a saudade. As cercas da fazenda, as vacas no curral, os galinheiros, o pão-de-queijo no forno à lenha. A hora do café, as tábuas de madeira, o rangido das portas, o silêncio da casa. Rio da bagunça que fazíamos, aquela foi minha infância. Me vem à mente a serra das bicas. E com ela o pôr-do-sol assistido debaixo da minha árvore preferida.
Juliana Licio
Mesmo diante da monotonia de mais um dia, hoje não será um dia como outro qualquer. Hoje foi um dia especial. Talvez seu registro esteja em alguma folha amarelada de um arquivo morto ou nas fotografias espalhadas pelos cantos da casa. O fato é que hoje existiu e foi um dia de nascimento. E com o passar do tempo a este dia se somaram anos. Até que um dia, no ano de 1999, este dia foi o último e os anos somados a ele também. Depois disso, outros se lembram de uma outra data no final do ano, como marco, o dia da morte. Contudo, para mim só existe esta data, hoje silenciosamente a comemoro, porque Ela continua viva em minhas lembranças.
Juliana Licio
Chora
Ela foi embora
Me pergunto agora
"o que vou fazer?"

Olha
Tenho sentido tanto
Me afogo em pranto
Sem ti, vivo aqui a sofrer

Tento
Esquecer as dores
Procurar outros amores
Arrependo-me das besteiras que fiz

Volte
Meu amor, volte
Meu coração lhe pede
Pois és tudo que eu sempre quis