Juliana Licio
Hoje, ainda de madrugada, eu, minha tia e meus primos conversávamos na sala sobre um tesouro. Lembrávamos da casa memorável de minha Vó. Como se esquecer daquela casa? Como se esquecer de Vó Dulce? O assunto envolvia uma tal caixinha de pedras semi-preciosas, que minha tia insiste ter sido enterrada em um dos jardins durante uma das peripécias dos meus primos. Depois desta história, aquela casa fica ainda mais mágica do que é. Quando eu era pequena, acreditava que ela era cheia de passagens secretas. E de repente, me afundei em um monte de lembranças, momentos vividos ali. Foi ali que eu perdi um pouco de mim, quando vi em um setembro as ameixeiras florirem pela última vez. E quase sempre me lembro das hortências, pois para mim elas são impescindíveis nos jardins. Ah, eu tenho uma saudade imensa daqueles jardins e nunca me esquecerei do cheiro de terra molhada. Assim, depois de muito falar da casa, dos tesouros, dos jardins e das peripécias, resolvemos relembrar de Vovó. Ela é muito especial, uma bruxa do bem, que tinha seus livros de ervas milagrosas, suas bolinhas homeopáticas e seus chás. E o melhor de tudo, ela também fazia simpatias para desaparecer verrugas. Quantas verrugas Vovó benzeu, quantas verrugas desapareceram. De alguma maneira, acho que posso entender da falta de ar durante o sono, a vontade de voar e de molhar as plantas dos jardins. Compreendo o sonho e sua mensagem. Marquei uma volta ao passado, um encontro comigo mesma.
Juliana Licio
O verbo Amar tem me surpreendido bastante, porque na verdade existem outros tempos que não aprendemos na escola. Amar tem sido bem mais do que doação. Amar tem sido angústia e tranquilidade. Amar é instabilidade aqui dentro, é sossego do lado de fora. Amar é uma escolha minha que impulsiona muitas outras escolhas minhas, suas e nossas. Amar é uma opção - você faz se acredita - e ser amada é muito bom - você acredita se quiser.