Juliana Licio
Tem dias que o mar revolto repousa
Com as águas mais calmas
Disponho-me a navegar
Cruzo os mares, enfrento as correntezas
Venho à tona respirar.

São nestes dias de calmaria
Que o mal se aproxima
Eu, peixe-distraído, corro perigo
Sou peixe-livre, acelero o nado
Não escuto os sinais e sigo.

A minha distração é o pior dos meus defeitos
Não vejo a aproximação, não ouço o movimento
Em minha direção, cortando o vento
A rede cai e me atinge bem no peito.

Contra mim, a armadilha lança seu peso
Condenado, tento escapar em vão
Eu, peixe-livre, agora sou peixe-preso
Cumpro pena por seguir meu coração.